quarta-feira, 26 de junho de 2013

ESTRATÉGIA 2020 E RESILIÊNCIA (PARTE I)

A estratégia europa 2020 (dito à inglesa “vinte vinte”) estabelece como prioridade o CRESCIMENTO INTELIGENTE (baseado no conhecimento e na inovação), crescimento SUSTENTÁVEL (com uma economia mais eficiente, mais ecológica e competitiva) e o crescimento INCLUSIVO (economia com níveis elevados de emprego e coesão social).

O QEC – Quadro Estratégico Comum 2014-2020 concretiza a estratégia focalizando os fundos estruturais nos seguintes objetivos/prioridades: (1) Competitividade económica e exportação; (2) educação e qualificação; (3) Integração e inclusão social; (4) coesão e competitividade territorial e (5) reforma do estado.

No tocante ao desenvolvimento regional, assume-se como opções estratégicas a “smart specialization” e a “ecologia” . Ao nível da CCDR-N, a operacionalização é realizada através da iniciativa Norte 2020 que estabelece as prioridades de VALORIZAÇÃO dos produtos endógenos bem como das competências e recursos humanos, CAPACITAÇÃO do território, agentes e gentes, e a INTERNACIONALIZAÇÃO E COOPERAÇÃO de empresas e instituições.

A este nível (desenvolvimento territorial) teremos como mecanismos fundamentais as ITIs – Investimento Territorial Integrado a ser promovidas pelas CIMs-Comunidades Inter-Municipais e as DLBC – desenvolvimento local de base comunitária (ou DLPC – desenvolvimento local promovido pelas comunidades) potencialmente desenvolvidas pelas ADLs – Associações de desenvolvimento local responsáveis pelo LEADER e pelo PRODER – eixo 3 no ultimo Quadro comunitário de apoio.

Por aqui (Trás-os-Montes e Douro) ainda não se fala sobre isto nem assistimos a iniciativas de definição de estratégia e plano de ação para as ITIs. A CIM Alto Tâmega já fez um seminário para arranque dos trabalhos de definição estratégia. E já existem CIMs com este trabalho quase pronto tendo os documentos finais em consulta pública, como é o caso da CIM do Alto Minho.

Importa então analisar a ITI do Alto Minho, não só por ser das primeiras mas também por ter sido elaborada com o apoio técnico da Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados. Estes dois motivos deverão bastar para implicar disseminação horizontal mais ou menos assumida.

A visão do Alto Minho para 2020 é assim enunciada “uma região mais competitiva, atrativa, conectada e resiliente”. Parece-me, evidentemente, acertada e coerente com a estratégia europeia. Mais do que isso, obviamente, poderia ser um guião para elaboração das ITIs que necessariamente deverão todas ter a mesma visão estratégica o que deverá é ser ajustado depois às prioridades, atividades e objetivos específicos a cada território. Aqui deveríamos seguir o “exemplo da europa” deixando-nos de redundâncias e ineficiências e aprender a trabalhar em rede e a “transferir”/”incorporar”. Mesmo porque a riqueza do planeamento estratégico num território é tão ou mais importante em termos dos resultados alcançados como do processo de análise, desenvolvimento e síntese.

Para além disso, estas são as BuzzWords para o próximo quadro quando se fala de desenvolvimento regional/local: COMPETITIVIDADE, ATRATIVIDADE, CONECTIVIDADE e RESILIÊNCIA. De todas é a resiliência que me causa algum incómodo. Já há alguns anos que entrou na moda referir como característica imprescindível de um empreendedor a resiliência. Normalmente, prefiro a persistência e a perseverança. Agora passou a ser aplicada aos territórios.

MAS AFINAL O QUE É RESILIÊNCIA?



Cristina Coelho ( ccoelho@spa.pt)
SPA Consultoria | Arregaçar as Mangas – Desenvolvimento, Inovação e Empreendedorismo, Lda

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá Cristina. Eu gosto muito da palavra "resiliência", porque ela significa não só a capacidade de persistir ou de preservar mas também a capacidade de se reconstruir. Pense por exemplo numa paisagem destruída por um incêndio, ela é tão resiliente quanto a sua capacidade de reflorescer :)Ainda que seja uma visão pouco literal e quase poética, gosto da ideia de integrarmos a capacidade humana de se readaptar sem ressentimentos (que a resiliência me sugere) à mudança e à construção de um futuro aliado à competitividade, atractividade e conectividade. Espero que em Trás-os-Montes sejamos capazes de nos afirmarmos resilientes, num contexto de desocupação, desemprego e um conservadorismo teimoso que parece querer permanecer-nos na casca.Também fico contente que se lance agora e já para o debate o novo quadro comunitário. Keep up the good work :)